Já era quase meia-noite quando o meu vôo pousou com atraso na cidade do Rio de Janeiro. O aeroporto, dois dias antes do carnaval, era uma grande confusão. Esteiras lotadas de bagagens, empurra-empurra, duas pessoas conversando em inglês a minha frente, três em português ao meu lado, quatro em espanhol atrás de mim, e apenas uma pessoa, na saída das esteiras, para checar se os bilhetes de comprovante de bagagens de todos os passageiros correspondiam às suas respectivas bagagens.
Com a bagagem na mão, o alívio durou pouco. Do lado de fora do aeroporto, a lotação de turistas e cariocas provocara uma imensa fila de pessoas que aguardavam ansiosas por um táxi. À meia-noite, simplesmente não havia um número suficiente de carros para atender a todos (durante o tempo em que eu fiquei na fila eu cheguei a notar que um mesmo táxi fizera duas corridas com diferentes passageiros).
Quarenta minutos de fila depois, o meu táxi chegou. O motorista – na casa dos seus sessenta e cinco anos de idade -, suado e sorridente, casado e torcedor da Mangueira, saiu apressado do seu carro para abrir a porta para eu entrar, pegar a minha bagagem, colocar no seu porta-malas, e sair voando do aeroporto.
Nos vinte minutos seguintes – o tempo que durou a corrida do aeroporto ao meu hotel –, se você pensa que eu e o motorista conversamos sobre o absurdo da falta de táxis no aeroporto do Rio de Janeiro, VOCÊ ERROU LONGE! Primeiro ele falou sobre um acontecimento interessante que aconteceu com o passageiro que ele havia pegado antes de mim, depois eu falei sobre o que eu aprendi com a pessoa que estava atrás de mim na fila.
Nós usamos o tempo que nos foi dado para trocar coisas boas e não para dar idéias sobre o que nós não podemos mudar.
Quando o táxi chegou ao hotel, enquanto o motorista descarregava as bagagens do porta-malas (por volta de uma e meia da manhã), ele encontrou “tempo” para perguntar para mim, “O Senhor não vai sair hoje à noite, vai?”, surpreso eu perguntei “Não. Por quê?”, “Por que as ruas por aqui não são muito seguras. Se o Senhor decidir por sair, eu sugiro que o senhor vá até o Bar Boemia que fica por ali, no próximo quarteirão”, ele disse.
Depois dessa conversa, que aparentemente não tem nada a ver com o produto que ele vende (inclusive o produto já estava vendido), ele foi embora.
Quantas pessoas você conhece que se referem aos amigos do trabalho como “colegas”, e aos amigos da escola, da infância, da família, como “amigos”?
Um grupo de Colegas???? Um grupo de Amigos? Até quando vai haver essa separação?
Foi necessário apenas vinte minutos para que o motorista do táxi me considerasse um amigo e não um colega, e assim me ajudasse com um conselho que ele daria a alguém da sua família. Foi necessário apenas um contato para eu considerá-lo um amigo, um Ser Humano digno de confiança, e alguém próximo de mim apesar de eu não saber até hoje nada além do seu primeiro nome e sua escola de samba preferida.
O que é preciso acontecer para que aqueles que ainda fazem a distinção entre Colegas e Amigos percebam o grau de influência e responsabilidade que têm sobre TODAS as pessoas? E que TODOS devem ser tratados como amigos, em qualquer circunstância, e NADA MENOS QUE ISSO INTERESSA?!!!
Eu preciso olhar nos olhos de uma pessoa apenas uma única vez para considerá-la minha amiga, e ter por ela o mesmo cuidado que eu tenho por alguém que eu conheço há anos. Quantas vezes VOCÊ precisa olhar nos olhos de uma pessoa para considerá-la sua amiga e não mais seu colega?
Para mim, no final do dia, a métrica das métricas, tanto na vida pessoal como profissional, não é o número de coisas que a gente comprou e possui; ou o número de vendas que você atingiu, ou o número de clientes que você conquistou. A métrica das métricas é o ESFORÇO que você dedicou a tudo, todos os dias da sua vida, para ser um MODELO, um EXEMPLO, um AMIGO, a TODOS.
Todo grande técnico de todo qualquer esporte do mundo sabe como reconhecer um grande jogador entre tantos que existem. O GRANDE jogador é aquele que nos momentos de extrema pressão sobre a equipe e sobre os amigos, pede a bola para si e vai em frente.
Queira ou não, nós somos MODELOS para aqueles que se relacionam conosco. A todo o momento. E quando você se nega a fazer isso, você se nega a receber.
Prometa a você mesmo se ESFORÇAR para fazer as pessoas perceberem que você trata todos como amigos, e não como colegas.
Se esforçar é o que você faz todos os dias, certo? O que você mais faz na vida é se esforçar, certo? O que você mais quer é ter sucesso pessoal, certo? O que você mais quer é que todos a sua volta tenham o mesmo sucesso, certo?
Se o que você diz é realmente verdade, e você realmente já se esforça o “máximo” que você pode, me responda uma coisa: Se você morresse hoje, quantos colegas e quantos amigos estariam ao lado do seu caixão?
Somente Amigos. Nada menos que isso interessa.
QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E você?
Texto fantástico!
É fazer sem esperar alguma coisa em troca!
Somos um ser social e nada melhor do que ter amigos pra começar o dia, ter amigos para passar o dia, e terminar o dia com mais amigos!!!